Que emoção a paternidade desperta em você? Especialista comenta com reflexão
É comum, no mês no qual comemoramos o Dia dos Pais, sermos bombardeados por propagandas
que ativam nossos sistemas sensoriais fazendo com que estejamos inclinados a lembrar intensamente da
necessidade de presentear nosso pai. Neste cenário construído estrategicamente, focamos nas memórias
que intensificam sentimentos de felicidades conectados a esta figura tão importante na formação da
estrutura emocional do ser humano. “É bom aproveitar o momento para uma reflexão pertinente: que
emoção está conectada e sustenta nossa relação paterna? Muitos podem pensar que pergunta óbvia… É
lógico que o que me conecta ao meu pai é o amor, a alegria, o carinho, a gratidão… Porém, não são
apenas esses sentimentos que o sistema emocional aprende na construção da conexão paterna”, destaca
o professor Jailson Pinheiro, especialista em emoções e comportamento humano.
Seja criança, adolescente ou adulto, todos carregam referências paternas que foram construídas
desde a infância a partir da presença ou ausência do pai. Como você se comporta em seus
relacionamentos? Como trata a parceira ou parceiro? Como lida com a profissão? Como recebe ordens do
chefe? Qual postura assume perante seus problemas? Qual força você aplica para enfrentar os desafios
da vida? Como lida com o dinheiro? “Muita gente não sabe, mas todas essas vertentes possuem raízes na
referência paterna que assimilamos, principalmente durante nossa infância”, defende o especialista.
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Mestre e doutor em Educação, Jailson Pinheiro é criador da Terapia Neurosistêmica. Pós-graduado
em Psicologia Organizacional, Neuropsicopedagogia e Gestão de Pessoas, atua como formador e mentor
de profissionais de alta performance. Os estudos acadêmicos e a atividade terapêutica a que se dedica
confirmam a tese de que os comportamentos são alicerçados nas informações de referências paterna
consolidadas em redes neurais que conduzem nossas ações no mundo, sem que tenhamos consciência
disso. ““A ausência paterna poderá ser sentida ainda enquanto se forma um feto. E essa informação será
impactante para a infância e toda a vida”, reitera Jailson Pinheiro, lembrando que é possível receber
referências paternas de outra pessoa que assumiu ou assume este importante papel na vida. “Não
estamos falando, necessariamente, apenas do pai biológico”, reforça.
Os impactos positivos ou equivocados desta relação já são sentidos desde a vida intrauterina. A
neurociência comprova que o bebê recebe essas informações a partir da interação da mamãe com o
mundo externo, com aqueles que interagem com ela. A função paterna – independente de quem a exerce
– tem importância fundamental na construção das redes neurais primárias, da estrutura psíquica e
cognitiva alicerçando a formação das competências humanas e da personalidade com a qual enxergamos
o mundo no qual estaremos inseridos.
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“As mulheres vêm na figura masculina, que é a figura paterna, o seu referencial oposto. A depender
de como essa relação foi construída, ela pode gerar uma expectativa paterna nos homens na vida adulta,
e não só nos relacionamentos amorosos. A tendência projetar na figura masculina as carências afetivas
que ela não conseguiu suprir com o pai. Ela vai exigir deste homem que se torne um pai, de uma forma
inconsciente. Pode cobrar atenção e carinho que não teve na infância de forma exacerbada”, comenta.
De acordo com o especialista, a mulher tende a projetar o que não conseguiu suprimir com o pai. E
não só as carências, como também os excessos fruto de uma referência paterna idealizada. “Quem foi
criada com superproteção, cuidado exacerbado, vai esperar isso dos homens. Inconscientemente, é como
se ela processasse: você não é igual ao meu pai. Muitas mulheres têm dificuldade de se relacionar porque
acham que parceiro algum a merece”, emenda o especialista que considera o momento oportuno para
promover uma reflexão sobre sua conexão paterna.