Os Monstros Internos e a Solidão Incompleta de Kay: Uma Análise de Sea of Solitude

Adentrar no mundo de “Sea of Solitude”, desenvolvido pela Jo-Mei Games, é imergir nas profundezas das emoções de Kay, uma jovem cuja batalha contra a solidão se desdobra em monstruosidades externas refletindo suas emoções mais sombrias: escuridão, raiva, desesperança e futilidade.

Embora o jogo prometa uma jornada de autoconhecimento e cura, há um descompasso na representação da monstruosidade que não consegue abraçar plenamente a essência da solidão e da jornada pessoal de Kay.

 

A Dualidade Complexa das Monstruosidades:

“Sea of Solitude” acerta ao personificar os entes queridos de Kay como criaturas monstruosas, representando dores e problemas reais. Essas figuras detêm uma riqueza de detalhes que despertam empatia nos jogadores, que se identificam com as lutas emocionais de Kay. No entanto, as criaturas que simbolizam a transformação de Kay carecem do mesmo cuidado na representação. Elas se apresentam de maneira subdesenvolvida, não transmitindo a profundidade dos conflitos internos da protagonista.

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A Jornada Emocional Incompleta de Kay:

O âmago da questão reside na direção que a narrativa toma. Embora prometesse explorar a solidão e a autorreflexão de Kay, o jogo acaba se desviando para abordar os traumas alheios. A jornada de Kay parece mais voltada a aprender a lidar com o sofrimento dos outros do que enfrentar a solidão que deveria ser o cerne da narrativa.

O potencial de “Sea of Solitude” para transmitir uma narrativa poderosa sobre a solidão e a autopercepção é indiscutível. A transformação das emoções em monstros deveria refletir a luta diária de muitos ao se sentirem desconectados consigo mesmos. No entanto, o jogo não mergulha profundamente nesses sentimentos e nas complexidades da batalha interna de Kay.

A Solidão que Fica em Segundo Plano:

Além disso, o jogo não consegue capturar plenamente a essência da solidão que Kay deveria enfrentar. Em vez de nos envolvermos na luta solitária de Kay, somos distraídos por conflitos externos, desviando o foco do tema central. O jogo acaba se tornando mais uma jornada para salvar os outros, relegando a autodescoberta de Kay a segundo plano.

 

O Potencial Não Totalmente Explorado:

Apesar de sua premissa envolvente, “Sea of Solitude” é limitado pela representação inconsistente da monstruosidade e pela falta de foco na jornada pessoal de Kay. Em vez de ser uma exploração emocionante da solidão, o jogo parece ser mais uma jornada para aprender a lidar com o trauma dos outros, deixando uma sensação de insatisfação nos jogadores.

A narrativa de Kay poderia ter sido uma oportunidade para explorar a profundidade da solidão humana e da luta interna pela autodescoberta. Esperamos que futuros jogos explorem esses temas de forma mais completa, proporcionando aos jogadores experiências verdadeiramente imersivas e emocionais.

Em sua busca por uma narrativa emotiva e reflexiva, “Sea of Solitude” oferece uma viagem, embora fique o anseio por um potencial não completamente explorado.

Regina Soares

Regina Soares, (MTB 0004794/CE) de Fortaleza, CE. Graduada em Jornalismo no ano de 2020 e, posteriormente, Reportagem de Notícias em 2021. Em 2023, fiz um curso de Extensão em Escrita de Viagem. Adoro assuntos sobre saúde, cultura geek e pop, feminices e moda. Sou apaixonada pelos anos 90, curto filmes e jogos clássicos como Crash Bandicoot e Zelda.

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